Não pare de tentar. Respeite seu próprio tempo e você perceberá que é bem mais produtivo assim.

Já se viu "desanimando" de algumas coisas que inicia? Mesmo tentando ir até o final?

Marina Pelosi
10 min readFeb 27, 2023

Eu já. E isso me fez refletir um pouco. Ao externar este pensamento com pessoas próximas sempre escuto:

- Mas, Marina, vira e mexe eu te vejo fazendo algo diferente. Sempre tem uma música autoral, um cover, uma escrita e uma empolgação com algo novo que está fazendo. Pra mim, você é uma pessoa super empolgada e ativa.

(Pessoa correndo com uma cidade atrás) — Photo by Robert V. Ruggiero on Unsplash

Também me considero empolgada e ativa. Mas, existem os altos e baixos que enfrento todos os dias.

Se acho normal? Acredito que consigo explicar mais à frente que sim, mas que podemos criar nossos meios para continuar lutando.

A questão é que, no decorrer da vida, nos deparamos com as famosas pedras no caminho. E, se partirmos do ponto de vista que não vemos o caminho à frente, nós não estaremos vendo as pedras que podem surgir, não é?

(Pedras amontoadas) — Photo by Artem Kniaz on Unsplash

Não sou aquela pessoa que vai virar pra você e falar que você pode construir um castelo com as pedras que encontrar no caminho.

Você pode. Mas, tem hora que também pode tirar algumas pedras e jogar fora porque elas não são interessantes para a base do seu castelo.

Tem pedra nem se teria força pra tirar. Tem pedra que nasce no rim, que é o meu caso, e tem que esperar sair.

É meio complicado falar de todas as pedras mas, neste artigo, eu quero falar sobre escolher caminhos e a possibilidade de continuar neles, mesmo que existam pedras.

Ou até mesmo a possibilidade de mudar de caminho, se for necessário e fizer sentido.

Primeiro. Escolhemos caminhos.

E tentamos prever as adversidades que surgirão por ali para que possamos estar minimamente preparados. Mas, o futuro, esse realmente não podemos acertar em 100%.

Aprendi que é necessário praticar todos dias a atenção plena no presente, mindfullness, pra gente não pirar.

Tem funcionado comigo.

Se eu me atento sempre ao futuro, a ansiedade ataca e por algo que nem sei se vai acontecer de fato.

Claro, temos que fazer planos e nos preparar, principalmente a longo prazo, mas não viver com a mente sempre lá de forma com que o presente fique estagnado.

Se não, estaremos vivenciando sensações, positivas ou negativas, das coisas que ainda não se consolidaram, por falta de nossas próprias atitudes para conseguir realizá-las.

Em outras palavras, estaremos colocando pedras em nosso caminho, que ainda nem existem.

É ruim você criar expectativas numa viagem, por exemplo, e acabar não dando certo. Mas se você se imaginar todo o tempo na viagem e parar de fazer por onde juntar o dinheiro, vai sentir sensações de como seria estar lá, mas não estará lutando realmente para estar lá.

É bem diferente de afirmar pro universo e fazer a sua parte para que ele faça a dele.

Eu penso assim.

Mesma coisa pra quem vive o tempo inteiro com medo de não ter o sustento. É normal ficarmos preocupados, mas o máximo que podemos fazer a respeito disto é buscar trabalhar e nos preparar financeiramente para um possível período de vacas magras.

E, se a pessoa vive o tempo inteiro achando que vai estar na miséria, atrairá o reflexo do seu pensamento de escassez, porque ela não possui nem a ideia de que pode e tem forças para lutar.

Assunto complexo. Vamos seguir, ok?

Já entendemos que o futuro vem e ele é incerto. Mas, e os nossos planos para o hoje?

Por mais que eu tente, às vezes, quando começo algo e está indo bem: questões surgem e eu preciso parar pra lidar com elas.

Isso vale para qualquer coisa. Seja criar uma rotina, escrever um livro (sim… já escrevi uns 5 capítulos), ir à academia.

Minha terapeuta sempre diz que a vida é como um eletrocardiograma. Ela não é constante… se ficar constante, é porque a pessoa morreu.

Com o tempo, percebi que a desistência nas pessoas é muito comum. E ela é bem diferente da pausa.

E a maioria das desistências é sempre justificada pela não constância, ou seja, pelas pedras que surgiram no caminho. Sim, eu disse justificada, porque nem sempre a desistência é justificável.

Quer um exemplo?

Eu não posto vídeos de música constantemente. Mesmo tendo diversas composições que, particularmente, considero maravilhosas.

A forma que eu gosto de produzir, ainda é cara pra mim. Então… eu junto uma grana, produzo a quantidade que consigo e posto. Depois entro no ciclo de juntar a grana de novo.

Sei que posso pegar o celular e gravar (já até tentei). Mas, a forma com que quero apresentar o meu trabalho exige sim alguns custos, pois ainda não posso suprir com meus conhecimentos.

Eu ficava pensando que eu estava desistindo e recomeçando, desistindo e recomeçando, desistindo e recomeçando. Isso me frustrava.

Mas, não… a pausa é importante para que eu entregue algo que eu considere qualitativo.

Claro que existem outras formas de reduzir custos. Por exemplo, estou fazendo um curso de produção e tenho certeza que poderei usar melhor minha criatividade nos conteúdos musicais.

Por aí vai…

Por isso, parei de pensar que eu estava desistindo — porque não estou — e isso fez com que o sentimento de frustração sumisse.

Eu ter que parar ou demorar de postar não significa que estou desistindo. Entende?

A desistência só existe quando eu afirmar que não quero mais e se realmente eu não fizer mais nada sobre.

Nem todos os nossos problemas são relacionados ao dinheiro.

Eu sei… parece irreal. Mas, com a ansiedade, acabei descobrindo outros tipos de desmotivadores. A angústia, a tristeza, cansaço, luto, preguiça, procrastinação, problemas de saúde e até mesmo problemas de outras pessoas podem influenciar no nosso ânimo.

Mas, acho que é muito mais uma questão do momento em que estamos vivendo do que algo do passado que poderia estar nos assombrando.

Vou falar sobre motivos e desculpas mais à frente porque antes quero te dar outro exemplo, que não envolva dinheiro.

Os artigos aqui no Medium.

Quando comecei, tive vários feedbacks motivadores para continuar.

Me empolguei e fui fazendo.

Comecei a escrever vários rascunhos. Alguns postei, outros não.

Passei por situações de saúde que desviaram meu foco para médicos e remédios, que acabei esquecendo de vir aqui. Além de sincronizar trabalho e coisas de casa.

Simplesmente, quando lembrei que não estava escrevendo, percebi que não tinha força suficiente para me concentrar na leitura e na escrita.

Quanto à leitura, eu consegui regular alguns horários para isto e tenho buscado seguir. Mesmo que menos do que antes (eu já cheguei a ler 1 livro por semana).

Quanto à escrita, eu não queria escrever de qualquer jeito. Para mim, é necessário ter propriedade sobre o que estou falando, pelo menos, de vivência no assunto.

Por isso, posso falar sobre muitos assuntos, como a depressão, ansiedade, tecnologia, música e vários outros que eu já até listei…

O lance não era o assunto e sim como eu gosto de passar a informação a você.

Todo dia me questionava por sentir falta de fazer algo que eu gosto tanto, mas não vinha o ânimo.

Me senti diversas vezes frustrada.

Após matutar horrores e fazer muita terapia percebi que eu não estava procrastinando, mas que era necessário respeitar meu momento e focar no que realmente era prioridade em minha vida.

Apesar de querer estar escrevendo um artigo diferente todo dia.

Mas, para voltar, também preciso abrir mão do perfeccionismo.

Porque se eu quero algo perfeito, de certo não farei nada.

Só que dar o meu melhor é bem suficiente para me dar também a possibilidade de ver o que eu preciso melhorar.

Este é um motivo para continuar.

E aqui estou.

Não utilize reais motivos como desculpas

Por mais que possa parecer, o que estou falando não tem nada a ver com criar desculpas para justificar os seus não-feitos.

É exatamente o contrário!

Precisamos saber identificar a linha que separa um motivo de uma desculpa. A linha é bem tênue, na verdade, e muita gente não sabe separar.

(Quadrados separados por linhas) Photo by Jon Tyson on Unsplash

Se formos olhar direito, sempre teremos motivos para não fazer as coisas.

Então, não seja pessimista. Porque é possível que você se torne aquele tipo de pessoa que desiste por qualquer coisa.

Precisamos buscar identificar se o motivo é uma desculpa ou se é realmente um motivo para pausas ou desistências.

Criei um ciclo de perguntas para me auxiliar nessa identificação.

Iniciei alguma atividade.

Realmente quero fazer isto?

Fazer me agrada?

Estou feliz?

Estou com preguiça ou simplesmente desmotivada?

O que acho que me desmotiva?

É pertinente?

Tem como resolver a curto prazo?

Decisão.

Identificou que é uma desculpa? Simples de resolver: Melhore sua rotina e estude como a procrastinação pode te prejudicar. Aplique e teste métodos até que faça sentido pra você transformar a atividade no hábito que você queira ter em sua vida.

A partir do momento que identificamos motivos (não desculpas), e o que iremos fazer agora que eles existem, é hora de fazer perguntas mais incisivas para nos ajudar a traçar um plano de continuidade.

Ok. É um motivo.

Quero continuar?

Consigo continuar ou preciso parar?

Qual o plano?

Se, em todas as perguntas, você perceber que não dá conta de continuar. Talvez seja a hora de respeitar o seu próprio momento, parar e reorganizar um plano para retomar lá na frente.

Lembrando que, se você não quiser, não adianta muito ficar tentando, certo? É necessário sentir prazer.

Mas, como toda regra tem exceção, se valer a sua saúde e vitalidade, é necessário sacrificar sua vontade.

Por exemplo, já tive diagnóstico de Diabetes Tipo 2, causada pela síndrome dos ovários policísticos. Para conseguir reverter, tive que mudar toda uma alimentação, que já era bem saudável. Eu quis? Não. Eu sofri? Sim. Mas entendi que era necessário sacrificar minha vontade e fazer.

Se não valer sua vida e está dentro do que você quer fazer, vale a pena entender como você pode buscar meios e continuar.

Mas sabe o que é mais legal?

A gente sempre pensa nas pausas. Mas podemos reduzir os passos, para não parar.

É isso mesmo. Você pode não parar por semanas e meses. Apenas, pode fazer um pouco menos para que consiga fazer mesmo que demore um pouco mais.

Ou seja, coloque metas menores, para que sejam cumpridas aos poucos e o objetivo seja alcançado, mesmo com as pedras no caminho.

Claro, não estou falando das atividades diárias e tasklists de trabalho. Isso é uma organização completamente diferente e eu até falo um pouco no artigo Multitarefa é um problema. Dê uma olhada lá =)

Mas, uma atividade como escrever, ler, estudar, fazer exercícios… Esse tipo de tarefa pode existir, mesmo com metas menores.

E é saudável que tenhamos o que fazer em nossas vidas.

O que não pode acontecer é você entender os motivos, querer continuar e simplesmente não traçar um plano.

A não ser que seja algo que realmente o impeça, como um problema no joelho que não permite que você faça Crossfit. Mas, por que não tentar um exercício diferente, desde que se faça um exercício?

Sempre tem um plano. E vou te falar como eu tento traçar e seguir.

Espero que te ajude.

É necessário ser pertinente ao avaliar suas respostas quanto às perguntas.

Não adianta muito você fazer tudo isso pra no final desistir. Faz mais sentido você ser sincero se realmente quer continuar fazendo o que começou.

Faz parte…

Se você tentou de todas as formas e viu que não era mais viável. Por que continuar?

Desde que respeite a linha que separa motivo de desculpa, execute planos e as tentativas possíveis, o plano de parada pode ser válido.

Mas, isso é uma decisão exclusivamente sua.

Não vale se arrepender depois do que você poderia ter feito e não fez.

Transforme o negativo em positivo.

Se é algo que realmente você quer e te faz bem: é preciso criar motivos para continuar, independente das desculpas e motivos para parar.

Mesmo que seja necessário continuar em passos mais lentos, como eu disse anteriormente.

O que te motiva? E por quê?

Coloque na balança.

O cansaço é um motivo?

Já me peguei sem querer gravar músicas porque estava cansada.

Preguiça? Não. Cansada.

E precisei adiar a gravação. Melhor do que não fazer, certo?

Entretanto em outros casos, infelizmente, já fui vencida pelo cansaço.

Hoje, com esta vivência que estou passando a você, consigo não me remoer pelo que não consegui e então busco tentar novamente todas as vezes, mesmo que eu precise de um intervalo de tempo para me reestruturar.

Foi assim com este artigo e agora ele está aqui.

De que adianta você priorizar tudo e não fazer nada?

Sabe aquela frase: Se tudo é prioridade, nada é?

Consequentemente, se tudo é urgente, nada é.

Saiba priorizar.

É melhor uma prioridade bem executada, do que várias prioridades incompletas.

É melhor você conseguir se manter saudável do que estar numa grande empresa e doente por ser um ambiente tóxico, que não te valoriza.

Falando em ambiente, você sabe identificar se está te influenciando negativamente?

Você já se viu super rápido em atividades e depois se sentiu menos produtivo?

Pode ser o ambiente em que você está.

Observe o ambiente, as pessoas e perceba quem nem tudo é culpa sua.

Mas, aprenda também a assumir se cometeu algum erro.

Respeite você

Precisamos entender o que nosso corpo e mente estão pedindo naquele determinado momento. E cuidar para que consigamos respeitar o tempo deles.

Tem dia que precisamos parar e realmente não fazer nada.

Outros, precisamos levantar e buscar sair de casa.

Entenda seu corpo e busque o equilíbrio.

Nunca faça algo demais. Você pode acabar se viciando e não conseguindo concluir todos os seus objetivos.

Não desista até que tenha certeza de que tentou

Meu namorado sempre me diz que existem dias bons e dias ruins. E ambos vão chegar para todos. Sem exceção.

Às vezes, estamos só num dia ruim. Se o dia bom passa, o ruim também passará.

Se for necessário, mude o caminho.

Se porventura decidir que não quer mais seguir aquilo que escolheu porque tem motivos suficientes pra isto.

Não fique parado no tempo. Escolha outra atividade.

Sempre há tempo para começar algo novo.

Tente outra vez amanhã.

Mas tente.

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Marina Pelosi

Escrevo sobre o que vivo ou vivi. Foi uma das formas que encontrei para me sentir bem.